Sua marca está vendendo machismo?
- Marketing ETEC
- 20 de jun. de 2018
- 3 min de leitura
Por: Giovana Fontes (1º MKT)

Ferramenta informativa e de persuasão, a Publicidade, como uma das áreas do Marketing se destaca pela criação de elementos visuais e verbais que estimulam a conexão entre oferta e consumidor final, além de divulgar um determinado produto, serviço ou ideia. Em muitos casos de propagandas e campanhas publicitarias há a existência de um ruído nessa comunicação, resultando em alguns contextos a depreciação, humilhação e em âmbito cultural, fortalecendo estereótipos e preconceitos, como o Sexismo ou discriminação de gênero, que pode afetar qualquer gênero, mas é particularmente veraz como afetando o sexo feminino; como ocorre em tantas propagandas de marcas de cerveja, que relaciona a satisfação dos desejos e aspirações, expondo ou colocando as mulheres em posição de inferioridade e objetificação.
A representação vulgarizada da imagem feminina é incessante nas campanhas publicitárias das marcas de cerveja mais vendidas no Brasil, como Skol, Brahma, Antarctica, Nova Schin, Kaiser e Itaipava. Vamos então analisar, aos olhos de dessa estudante de marketing e apoiadora dos movimentos feministas, o quanto algumas campanhas podem influenciar no inconsciente coletivo e na tonificação dos preconceitos de gênero.
A agência de publicidade F/Nazca Saatchi & Saatchi junto com a Skol, lançou em 2015 a campanha “Invenção”, que tinha como objetivo sugerir que, alguns objetos, situações e atividades do dia-a-dia se tornassem mais prazerosos com o consumo da marca.

A peça publicitaria acima, traz um controle remoto com os respectivos botões: “FUTEBOL”, “MULHER PELADA” e “FUTEBOL DE MULHER PELADA”, com o símbolo que reforça seu slogan “a cerveja que desce redondo”, referente a coisas boas da vida, segundo seu histórico de campanhas. A linguagem verbal na peça apresenta a seguinte chamada “Se o cara que inventou o controle remoto bebesse Skol, ele seria assim.” se referindo ao controle remoto.
Explorando, nota-se que a figura das mulheres é literalmente ligada a nudez, e objetificação seja singularmente ou junto ao futebol, associando-a com um canal televisivo, onde para atrair os homens precisa estar nua. E ainda, pode-se observar a relação de Sexismos junto a frase em “Se o cara...” fazendo menção ao público masculino.

Nessa peça, nos deparamos com uma relação explicita da nudez do corpo feminino, trazendo uma comparação entre imagens com a chamada “Se o cara que inventou a tarja de censura bebesse Skol, ela não seria assim”, relativa a tarja retangular que cobre os seios de uma mulher, como mostra na imagem, em continuidade comparativa “Seria assim”, agora, ao invés da tarja anterior apenas círculos sobre os mamilos, deixam maior parte dos seios à mostra.
Mais uma vez o discurso promove a ideia de que o homem que bebe Skol possui as ‘melhores ideias’ que privilegiam seu gênero e expõe o sexo feminino a futilidade.
Visualmente, podemos analisar também uma continuidade das peças da campanha na apresentação de cores quentes, seja o fundo da imagem, nos botões do controle remoto, até o bronzeado da modelo; estratégia de fortificação da cor marca e da cor da cerveja. Agrega em conjunto aspetos positivos e felizes, totalmente ligados a psicologia das cores.
Para não causar maior irritabilidade e frustração com essa campanha, como eu mesma senti ao pesquisar e redigir essa analise, vamos para uma ultima peça, de diversas outras que a marca lançou:

“Se o cara que inventou o bebedouro bebesse Skol, ele não seria assim.” “Seria assim”. Imagem comparativa onde, na primeira, uma mulher loira, de mini saia se posiciona em frente a um bebedouro genérico para tomar água, necessitando apenas inclinar a cabeça, já na segunda, um bebedouro redondo instalado junto ao chão, levando a mulher a inclinar todo o seu corpo para conseguir usá-lo, deixando-a totalmente em um posição exposta, possivelmente revelando peças intimas.
Nessa imagem, fica explicito a conotação sexual existente e mais uma vez faz referência a satisfação masculina, que busca excessivamente o prazer pela observação do corpo feminino.
A continuidade de cores aparece nos cabelos loiros da modelo, essa sempre bronzeada, na sua vestimenta e na ambientação (paredes, pisos e moveis).
“Em nossa mente ficam os reflexos de uma fantasia, imaginação bem maior do que aquilo que se apresenta na vida real. A publicidade nos seduz e nos leva a um mundo idealizado de produto das imagens reais hiperbolicamente apresentadas nos anúncios” (TRINDADE, 2003.)
A publicidade vende uma ideia mais do que apenas o produto, e podemos enxergar a necessidade de um esforço de comunicação para combinar elementos visuais e verbais na elaboração da mensagem. Como essas podem ter interpretações diferentes dependendo do cenário e do momento histórico-cultural em que são veiculadas, é importante que haja uma analise de como ela pode influenciar seu expectador consciente ou inconscientemente, e seus efeitos prejudiciais.
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